Assistia uma palestra de um CEO de uma rede varejista e lá pelas tantas ele confessou: “Até pouco tempo eu cometia um erro terrível”. Antes dele completar a frase, no alto da minha empáfia pensei: a minha organização bicentenária não comete essa falha.
Ele continuou: “Eu pegava meu melhor vendedor e o nomeava gerente. Perdia meu campeão vendas e ganhava um péssimo gerente.”
Recolhi minha arrogância e balancei a cabeça, como quem dizia: fazemos isso todos os dias. E essa prática é nociva para a organização, como fica evidente na fala do executivo, e para o profissional.
Trocar um campeão de vendas por alguém que não tem as competências para levar uma equipe de vendedores para uma performance de excelência é um grande tiro no pé. O prejuízo é duplo.
O profissional, pode até no primeiro momento, se sentir motivado pelo reconhecimento materializado na promoção. Entretanto, a sua falta de competência para a função não tardará aparecer e as consequências serão danosas para ele, para a equipe e para a organização.
Competências diferentes
Não é que as competências para ser um gestor sejam melhores ou mais complexas que as de um vendedor. Elas são apenas diferentes. Em uma certa medida elas são até complementares. O gerente também precisa ser empático, saber negociar, entre outras.
O que muda substancialmente é o objetivo. Das funções técnicas e operacionais espera-se um resultado que depende quase que exclusivamente do próprio profissional.
Do gestor, a expectativa é que ele crie as condições para que a sua equipe atinja os resultados que a organização lhe confiou. Simplificando: a função do gestor é fazer os outros fazerem.
E quais são as consequências para o gerente sem as competências necessárias?
Citarei algumas. Em primeiro lugar ele não é validado pela equipe e, por consequência, a performance cai e entra em rota de colisão com a própria empresa.
Não conseguindo fazer com que a equipe entregue e sofrendo com a pressão dos seus superiores esse gestor tende a se desmotivar. Em muitos casos, adoecer. Ele entra em uma espiral descendente.
Como não consegue, por falta de repertório, mobilizar a equipe, lança mão de práticas não sustentáveis. Ameaças, desrespeito, constrangimento… O círculo vicioso dá mais uma volta. Agora entra no jogo a ouvidoria interna, o sindicato e até ações trabalhistas.
“Que pena! Aquele gerente prometia. Não sei o que aconteceu com ele. Deve ser problemas de ordem pessoal”.
Então um vendedor não pode ser um gerente?
É claro que esse quadro foi pintado com tintas um tanto quanto pessimistas. Nem toda história termina assim. Qualquer profissional da área técnica pode migrar para o agrupamento gerencial.
É necessário, entretanto, compreender a diferença e ‘correr atrás do prejuízo’. Mesmo porque a liderança é uma habilidade e como tal pode ser apreendida.
E para tanto existem muitas ferramentas disponíveis. Leitura, cursos, palestras, coaching, mentoria, entre outras. Atenção na qualidade do que você está contratando é sempre importante. Além das iniciativas da empresa de desenvolverem seus gerentes.
Papel do líder e de quem quer ser
Se você é um líder cuide da sucessão dentro da sua equipe, filial, loja ou empresa. Prepare seus técnicos, vendedores, operacionais para assumirem no futuro funções de liderança dentro da Organização. Demitir um gerente incompetente é mais caro do que torná-lo um excelente gestor.
Ao perceber o investimento da empresa para tal, esse profissional já vai começar a performar melhor de imediato.
Se você pretende ser gerente, faça-o pelo motivo certo e não pelo fato de a remuneração ser melhor. E comede hoje mesmo a se preparar.
Informe-se como sua Organização prepara seus líderes e se inscreva no programa. Caso onde você trabalhe não tenha um programa de desenvolvimento de liderança (o nome não precisa ser esse) ou você não cumpre os requisitos para participar, faça você mesmo. O investimento que fizer (tempo, dinheiro e energia) terá retorno garantido.
Ganharão: sua família, seus futuros subordinados e você.