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É possível construirmos a vida que desejamos?

Imagem mostrando uma pessoa impedindo que as peças de dominó caiam

Temos grande tendência de deixarmos a vida nos levar, de seguir o “fluxo natural das coisas”. Isso ocorre, ou por entendermos que temos pouca ou nenhuma ingerência sobre o que nos acontece ou por nunca termos pensando no assunto.

É verdade que para a maioria das pessoas do nosso País (80% dos brasileiros têm renda per capita inferior a R$ 1,4 mil) essa discussão é ineficaz. Sua energia está voltada para questões localizadas nas áreas mais baixa da pirâmide de Maslow: fisiológicas e de segurança.

Não tenho satisfação no meu trabalho

Já aqueles que superaram essas questões básicas, enfrentamos o desafio do mundo corporativo. Quem já não experimentou a sensação de estar preso sem poder escolher nosso futuro? De acordo com Bem-Sharar[1], esse sentimento vem, normalmente, de um trabalho chato, que não nos realiza, gerenciado por alguém que nos perguntamos como chegou ali.

Além de nos paralisar, essa situação faz com que a gente perca o prazer de ir para empresa pela manhã. Pedir demissão, se num cenário econômico favorável já seria uma decisão complexa, imagina no atual momento.

É bom pedir ajuda

Alguns de nós, que bom que isso acontece, busca ajuda para superar essa paralisia. Religião, terapias, conselhos, livros de autoajuda, cursos, palestras, seminários, mentores e coachs.

Em muitos casos o resultado é satisfatório, em outros, infelizmente, o profissional por trás dessa iniciativa, por mais bem intencionado que seja, não tem a expertise necessária para cuidar de um tema tão delicado: a sua vida, a sua carreira.

A contraofensiva da ciência

Atualmente a ciência responde de forma positiva a questão colocada. Nunca se pesquisou tanto sobre a felicidade e o bem-estar como atualmente.

Os cientistas Cameron, Fredrickson, Losada, Seligman, Deci & Ryan, Lyubomirsky, Diener, Bem-Shahar, Peterson, Achor, Cooperrider, Clifton – só para citar os mais famosos – estão na ativa e produzindo muito [2].

Esses cientistas estão conduzindo pesquisas com vários enfoques e objetos de estudo distintos (liderança, otimismo, positividade, motivação, bem-estar, felicidade, pontos fortes e outros).

A boa notícia é que existe um ponto de intersecção entre todos eles e o resultados dos seus estudos. Além de curar doenças mentais, a Psicologia também pode tornar a vida das pessoas mais produtiva e cheia de satisfação e identificar e desenvolver talentos.

Os principais resultados

Os pesquisadores, em regra, têm identificado o que de bom nós fazemos e se questionados:

  • Por que muitos de nós são felizes?
  • Como alguns enfrentam dificuldades de uma forma positiva?
  • Por que outros passam por traumas e se tornam melhores do que antes?

Os achados apontam que as “características” apresentadas por essas pessoas são aprendíveis. Que notícia boa! E isso não é autoajuda, é pura ciência.

O caso da empresa de seguros

Para citar apenas um exemplo, Achor conta no seu livro “O jeito Harvard de ser feliz” que em uma consultoria feita na empresa de seguros MetLife identificou que a baixa performance dos vendedores devia a alto nível de pessimismo.

A empresa decidiu contratar parte dos seus funcionários com esse critério: alto nível de otimismo. Mesmo que eles apresentassem gaps em outras questões, até mesmo sobre o conhecimento do mercado de seguro.

O grupo contratado pelo seu otimismo superou as vendas dos funcionários contratados pelos métodos convencionais em 19%, no final de um ano. Ao final do segundo ano chegaram a ter 57% mais vendas.

E se eu não for uma pessoa naturalmente otimista?

Bom, não é só o otimismo que define se teremos ou não a vida que queremos. Mas, é um bom ponto de partida. Afinal, a Psicologia associa o otimismo a autoestima elevada, ao bom funcionamento do sistema imunológico e a maior resistência ao estresse.

O famoso psicólogo Seligman desenvolveu um teste simples que avalia o nosso grau de otimismo (eu sou mediamente otimista, mas estou melhorando), com base na maneira como cada um de nós encara e explica fatos e situações da sua vida cotidiana. A teoria por trás desse teste, desenvolvida por Seligman e Teasdale, é chamada de Estilo Explicativo.

O próprio Seligman explica:

Os otimistas tendem a considerar seus problemas passageiros, controláveis e específicos de uma determinada situação. Os pessimistas, ao contrário, acreditam que seus problemas vão durar para sempre, vão afetar tudo o que fazem e são incontroláveis.

A vida que desejamos

É claro que esse simples e reducionista resumo tem apenas o objetivo de fazer você se interessar pelo assunto e buscar mais informações. O mais importante é que, de acordo com a ciência, podemos aprender a sermos otimistas. Aliás, o livro do Seligman que tem tudo isso chama-se Learned Optimism (algo como ‘otimismo aprendido”) e que ganhou o título no Brasil de Aprenda a ser otimista.

A técnica ensinada no livro pode ser auto conduzida ou você pode contar com a ajuda de um profissional para tanto.

Podemos sim construir a vida que desejamos. E existem, de acordo com a ciência, alguns caminhos para isso. Acredito ser um bom início aprendermos a ser otimista, uma vez que melhora a autoestima, o bem-estar mental e a boa saúde física.


[1] Professor de Harvard no livro Chose the life you want: The mindful way to happiness, 2014.

[2] Perdemos recentemente Mihaly Csikszentmihalyi, que nos deixou uma grande contribuição nesta área, entre elas a teoria do Flow.


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