Quando o assunto é a seleção de pessoal, as empresas têm contato com o apoio proporcionado pelo avanço tecnológico. As ferramentas de people analytics conseguem capturar e tratar uma grande quantidade de dados, facilitando o trabalho do RH.
Mas, nem tudo – pelo menos ainda não – a tecnologia pode resolver. A seleção de um bom profissional ainda prescinde da boa e velha análise subjetiva.
Seu histórico de entregas, de treinamentos e de posições ocupadas pode ser facilmente encontrado em algum banco de dados. Além disso, um bom modelo preditivo pode indicar que você tem ou não possibilidade de sucesso em determinada missão.
O fator humano
Entretanto, tratar esses dados (tempo de empresa, experiências anteriores, entregas, treinamentos realizados, funções exercidas etc.), decidindo quais são os relevantes e o grau dessa relevância para cada cargo é ainda uma decisão humana, portanto, subjetiva.
O perfil do profissional para a vaga aberta também é uma decisão gerencial, então, subjetiva. E nesse momento o erro penaliza tanto o candidato como a empresa.
A indicação
Sendo assim, a indicação de pessoas para assumir determinadas missões, desafios, projetos, posições etc. ainda é muito comum no mundo empresarial. Mesmo que depois o indicado seja submetido a um processo de seleção.
A network continua sendo um instrumento importante para a carreira. Para que alguém seja indicado é preciso que seja conhecido por aqueles que tenham alguma influência.
O mundo digital serve ao mundo real
O fato de vivermos num mundo cada vez mais digital não fez diminuir a importância da dimensão presencial, nem mesmo com a atual expansão do home office. Você pode começar e manter um relacionamento com alguém pela internet, mas não vai durar para sempre se em algum momento não houver o ‘olho-no-olho’.
E quem são as pessoas que têm influência? Todas! Isso mesmo: todas as pessoas que conhecemos no ambiente do trabalho tiveram, têm ou terão alguma importância na nossa vida profissional. Elas são nossas testemunhas, para o bem ou para o mal, querendo nós ou não.
E como isso funciona?
Para compor o seu time as empresas lançam mão de vários instrumentos, desde consultorias headhunter até as simples e eficientes indicações surgidas nos ambientes mais informais possíveis, como coquetéis, jantares e happy hours.
A indicação faz parte do mundo corporativo. A partir dessa constatação, a questão que passa a ter importância é: como estar na mente daqueles que têm o poder de indicar?
A resposta é simples, mesmo que suas consequências sejam complexas: você tem que ser o cara! Quero dizer que o seu perfil é o que está sendo buscado.
Pois é! Não é sendo amigo do gerente, participando do churrasco da diretora nem curtindo as postagens do executivo. Se você não tem as competências para a função, essas atividades só reforçarão isso.
Uma história
Quando exercia a função de gerente geral de gestão de pessoas, uma das minhas atividades era prestar orientação profissional, para tanto utilizava as ferramentas do Coaching. Atendi uma vez um gerente médio da área de negócios. Ele tinha a intenção de migrar para área meio ou estratégica da organização.
Alegava que tinha o perfil e as competências necessárias, mas que não conhecia ninguém dentro da empresa e por isso precisava do apoio do RH. Criticava que dentro da organização só ascendia “quem tem QI”. Uma alusão preconceituosa às indicações.
Na realidade, ficou evidente durante o processo, que ele conhecia muitas pessoas dentro da empresa, afinal ele já tinha seis anos no emprego e ocupava uma função importante.
O que ele não conhecia era alguém que defendesse o seu nome para o passo que agora ele queria dar. Quem trabalhava com ele (superior, pares e subordinados), não o via pronto para a função que ele almejava. Ou ele não tinha as competências requeridas ou não estava conseguindo mostrá-las.
A responsabilidade de quem indica
Em algumas organizações, a ‘rádio corredor’ condena essa prática. Afirma que as indicações obedecem a critérios pessoais e políticos. É possível até que você conheça alguém que tenha assumido uma função por esses caminhos.
Mas, a pergunta a se fazer é: isso é a regra ou exceção dentro da sua organização? Se for regra, caia fora, pois, essa empresa vai quebrar.
Até mesmo nas organizações familiares, que se propõem minimamente à longevidade, os critérios para preenchimento de vagas passam pela competência, perfil, performance, conhecimento técnico e análise comportamental.
Quem indica tem poder, mas, tem também, na mesma proporção, responsabilidade. Sua indicação pode colocar em risco a sua empresa (ou o setor, departamento) e a sua reputação.
Você alguma vez já foi indicado?
Alguém te indicou para a função que você exerce hoje? Se sim, parabéns!!! Significa que cuidou bem do seu portfólio, da sua trajetória.
Você preenche todos os requisitos para ser indicado para o próximo degrau? Se sim, com certeza alguém vai te indicar. Se não, que tal você ajudá-lo, melhorando os seus indicadores?