Os caminhos para se trilhar, dentro de uma corporação, visando chegar na posição desejada sempre foi comparada a um labirinto. Hoje é mais complexo que isso.
Que pese as intersecções e um percurso intrincado, o labirinto tradicional tinha uma saída que podia ser ensinada e aprendida, por mais difícil que fosse. Assim, aquele que ‘chegava lá’, construía um ‘mapa’ e os demais tinham suas chances melhoradas, que pese não garantir o sucesso.
O jogo mudou. O jogador que chega na ‘última fase’ não tem mais como desenhar um mapa. Quando ele olha para trás, as paredes e os corredores do labirinto já mudaram de lugar. A ideia do Teseu e da Ariadne[1] de desenrolar um novelo de linha, não funciona mais. Os conhecimentos e competências que o levaram até aquela posição não são mais suficientes para levar outro.
Mundo VUCA ou BANI?
Estamos na Era Exponencial, caracterizada pelo volume de informação -algumas teorias afirmam que o conhecimento humano dobra a cada ano – e, conforme Walter Longo[2]:
Relações, marcas, comportamentos, preferências, tudo surge e desaparece em ciclos cada vez menores.
A sigla que melhor descreva o mundo atual – VUCA ou BANI – não é importante quanto você compreender as suas características. Além da informação ter chegado a um volume impossível de se lidar e da velocidade com que o que era importante deixa de ser, essa era é também da incerteza, da ambiguidade, da não linearidade e da complexidade.
Não é mais possível, portanto, conhecer o labirinto. As paredes se desintegram rapidamente, novos corredores se materializam como se você estivesse dentro de um game.
E agora, José?
Calma. Esse novo mundo é assustador, é verdade. Entretanto, o mesmo ambiente que cria toda essa complexidade, também apresenta uma solução. Que também é nova e complexa.
É preciso abandonar as habilidades que davam conta de vencer no Atari e se dispor a aprender as novas competências pessoais determinantes para a sobrevivência nas empresas de hoje.
Nova competências
A ideia não é discorrer aqui sobre uma interminável lista de competências que têm sido apresentadas como diferencias. Por exemplo: você já ouviu falar em Adaptabilidade Proativa, Resiliência Evolutiva, Empatia multifocal ou Solução da Complexidade?
Se não ouviu ou leu, não se preocupe, você faz parte da grande maioria. Mesmo porque, elas também são voláteis e é possível que quando você estiver lendo esse artigo elas já não sejam tão importantes.
Competências essenciais
Importante ressaltar que algumas competências tradicionais estão e vão continuar em alta. Negociação, visão sistêmica, foco em resultado, criatividade, entre outras, não são modismo. Elas estão plenamente alinhadas com esse novo mundo.
Entretanto, tem duas competências que são essenciais para lidar com o novo labirinto: Recapacitação (reskilling) e Aprender a Aprender.
Recapacitação e Aprender a Aprender
Essas duas competências são indissociáveis. A Recapacitação é a capacidade de construir novas habilidades. É buscar se desenvolver em tempo real, renunciando às velhas certezas e vivenciando o papel de um eterno aprendiz.
Impossível ter sucesso nesse mundo que desenhamos no início sem “aprender a desaprender”. É preciso se dispor a aprender, abandonando os velhos pressupostos e convicções.
Aí surge a outra competência: Aprender a Aprender. De maneira autônoma, o profissional precisa saber não só o que, mas também precisa saber como estudar. Trata de construir seu próprio método de absorção de conhecimento. Aprender a aprender é mais do que uma habilidade, é uma atitude.
Essas duas competências juntas são a base fundamental para a construção das demais competências necessárias para a sua carreira.
E o futuro?
Nesse mundo VUCA[3] ou BANI[4] podemos ter apenas uma “certeza”: Quem faz sempre as mesmas coisas tem sempre resultados piores.
Mesmo que você não queira, o mundo está mudando. E a mudança encontra sempre dois tipos de pessoas pela frente: os que se tornam vítima e os que aproveitam as oportunidades que ela traz. A escolha é sua!
[1] Lenda do Labirinto do Minotauro, mitologia grega.
[2] Livro: Marketing e Comunicação na Era Pós Digital
[3] Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity.
[4] Brittleness, Anxiety, Nonlinearity and Incomprehensibility.
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