A felicidade, tida por Aristóteles como “sentido e o propósito da vida, o único objetivo e a finalidade da existência humana” tem saído das discussões filosóficas e religiosas e ganhado espaço nas empresas e na ciência.
A própria ONU se curvou a importância do tema e criou, com aprovação da totalidade dos seus 193 membros, o Dia Internacional da Felicidade, 20 de março.
Escolhemos o mês de setembro para falar sobre o tema devido a chegada da estação das flores que pressupõe um melhor estado de ânimo de todos nós. Veremos, entretanto, que não dependemos do tempo para sermos felizes.
E o que é felicidade?
Neste blog, a felicidade será sempre tratada de forma científica, conforme post E essa tal felicidade. Podemos simplificar usando a definição da pesquisadora e professora no Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia, Sonya Lyubomirsky:
Experiência de alegria, contentamento, ou bem-estar positivo, combinado a uma sensação de que a vida é boa, significativa e valiosa.
Sendo assim, podemos afirmar que se você percebe a sua vida como boa, significativa e valiosa e, com certa frequência, experimenta alegria, você é uma pessoa feliz.
E o que podemos fazer para sermos felizes?
Martin Seligman, professor e pesquisador da Universidade da Pensilvânia e ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, apresentou, no seu livro Florescer, um dos possíveis caminhos para a felicidade.
Com base nas suas pesquisas e nas dos seus colegas, o pesquisador afirmou, sem desconsiderar outras variáveis, que o cultivo dos elementos abaixo contribuí de sobremaneira para a felicidade.
P – Favorecer as Emoções Positivas;
E – Buscar o equilíbrio entre nossas competências e os desafios;
R – Dedicar-se a relacionamentos saudáveis;
M – Alinhar-se ao seu propósito; e
A – Conquistar os seus objetivos.
O que significa cada um desses fatores? Como conquistá-los?
Neste post focarei no primeiro item: emoções positivas. Os outros fatores serão abordados nos próximos posts, sempre às sextas-feiras.
Em tempo: o acrônimo acima (PERMA) é do inglês: Positive emotions; Engagement; Relationship; Meaning; e Accomplishment.
Emoções positivas
As emoções positivas é a parte da felicidade mais confundida com a própria. E a alegria – emoção positiva por excelência – é tida, no senso comum, como definição de felicidade. Estar alegre, para muitos, é estar feliz. Até as imagens que usei para ilustrar esse artigo apresenta pessoas expressando alegria. Daí a crença que a felicidade não existe e sim, apenas, momentos felizes.
Se buscarmos a definição que usamos no início veremos que esse componente não define por completo a felicidade, mas é essencial. Não existe felicidade sem a experiência de emoções positivas.
Ampliar a visão e construir solução
As emoções positivas desempenharam papel fundamental na nossa evolução, explica Bárbara Fredrickson, professora e pesquisadora da Universidade da Carolina do Norte, da mesma forma que as emoções negativas.
Enquanto estas eram úteis nas situações que ameaçavam a sobrevivência de nossos ancestrais, as emoções positivas, a seu turno, geravam atitudes inovadoras que serviam para construir os recursos de nossos antepassados humanos, encorajando o desenvolvimento de versatilidade, habilidades e características úteis.
“Estes novos recursos funcionavam como reservas, equipando-os para melhor lidar com futuras ameaças a sua sobrevivência que, é claro, eram inevitáveis”, afirma a pesquisadora.
Versatilidade, criatividade e o favorecimento a desenvolver habilidades úteis continuam a serem comportamentos desejáveis no ambiente moderno do trabalho.
E são muitas as formas de emoções positivas: alegria, gratidão, serenidade, interesse, esperança, orgulho, diversão, inspiração, admiração, amor etc. Indico o livro Positividade, da Fredrickson, para conhecer melhor cada uma dessas emoções.
As emoções positivas e a Liderança
Cientistas da Escola de Negócios Haas, da Universidade da California, em Berkeley, examinaram como as emoções positivas afetam os gerentes e descobriram que aqueles com maior positividade tomavam decisões mais corretas e cuidadosas, e eram mais eficientes nas relações interpessoais.
Em outro estudo ficou patente que gerentes com maior positividade também contagiavam seus grupos de trabalho, o que por sua vez criava uma melhor coordenação entre os membros da equipe e reduzia os esforços exigidos no trabalho.
Esse pensamento é reforçado por Daniel Goleman, quando afirma que a liderança eficaz envolve desenvolver um interesse e talentos genuínos em promover emoções positivas nas pessoas de cuja cooperação e apoio o líder necessita.
As emoções positivas e você
A pesquisa de Fredrickson demonstra que as pessoas que experimentam mais emoções positivas do que negativas têm maior probabilidade de ter visão de conjunto, construir relacionamentos e progredir no trabalho e na carreira, ao passo que aquelas que experenciam principalmente emoções negativas são mais propensas a observar as coisas a partir de uma perspectiva mais estreita e tendem a se concentrar mais nos problemas.
O mundo corporativo já começa a perceber a importância da motivação intrínseca e um dos seus fatores: a emoção positiva. O LinkedIn, por exemplo, busca em candidatos à colaboradores três qualidades: capacidade de sonhar grande; capacidade de executar; e capacidade de se divertir no trabalho.
E você? Tem favorecido e valorizado as emoções positivas na sua vida? Ou aquele dissabor de um congestionamento pela manhã estraga todo o seu dia?