Nessa série de artigo – esse é o terceiro – estamos analisando a proposta de Martin Seligman[1] de como podemos ser felizes ou mais felizes. O caminho apontado pelo pesquisador prevê o cultivo dos elementos abaixo:
P – Favorecer as Emoções Positivas;
E – Buscar o equilíbrio entre nossas competências e os desafios;
R – Dedicar-se a relacionamentos saudáveis;
M – Alinhar-se ao seu propósito; e
A – Conquistar os seus objetivos.
O acrônimo acima (PERMA) é do inglês: Positive emotions; Engagement; Relationship; Meaning; e Accomplishment.
Nos posts anteriores discorremos sobre as Emoções Positivas e o Engajamento.
Agora é a vez de conversarmos sobre Relacionamento Positivos.
Relacionamentos Positivos
De muito sabemos a importância dos relacionamentos, afinal, somos seres relacionais e sociais. Só sobrevivemos e chegamos até aqui devido à nossa capacidade de nos relacionarmos. A humanidade só existe como tal após os hominídeos aprenderem a formar uma comunidade, onde podiam, juntos, se defenderem e se alimentarem.
O que não sabíamos é o que os relacionamentos são fundamentais para a nossa felicidade ou infelicidade.
No aspecto psicológico, podemos afirmar que a forma com que nos relacionamos nos definem. Sartre tem razão quando afirma que o “inferno são os outros”, mas, os outros, também, podem ser o paraíso.
Seligman, o nosso mentor, assevera:
“as outras pessoas são o melhor antídoto para os momentos ruins da vida e a fórmula mais confiável para os bons momentos.”
Felicidade e saúde
Pesquisadores da Universidade de Harvard conduzem a mais longínqua pesquisa sobre o desenvolvimento de adultos, “Study of adult development”. O estudo iniciou no final dos anos 1930, acompanhando a vida de 268 homens até os dias de hoje.
Seu conteúdo científico oferece uma visão profunda da condição humana, uma vez que são acompanhadas várias variáveis da vida de uma pessoa: saúde, trabalho, relacionamentos, dinheiro, filhos, lazer e tantos outros.
Uma das grandes conclusões do estudo é que o importante para nos mantermos felizes e saudáveis, ao longo da vida, é a qualidade dos nossos relacionamentos. (Quer saber mais? Assista o TED sobre o assunto).
Já no estudo denominado “Very Happy People”, depois de identificar pessoas muito felizes, os pesquisadores buscaram encontrar as características que os faziam assim. Várias variáveis foram analisadas: clima, riqueza, saúde etc. A única característica que estas pessoas tinham em comum era a força de seus relacionamentos sociais.
Prosperidade e resultados
Os psicólogos Ed Diener, da Universidade de Utah, e Robert Biswas-Diener, da Universidade de Portland, analisaram um enorme volume de pesquisas interculturais conduzidas sobre a felicidade nas últimas décadas e concluíram que, “da mesma forma como a comida e o ar, precisamos dos relacionamentos sociais para prosperar”
Em pesquisa realizada por Shawn Achor, de Harvard, com 1.600 estudantes universitários de Harvard apresentou resultado similar:
A rede social de apoio constituía um fator preditor muito mais preciso de felicidade do que qualquer outro fator, mais do que suas notas, renda familiar, idade, sexo ou raça. […] A questão é que, quanto mais apoio social você tiver, mais feliz será. E, como sabemos, quanto mais feliz você for, mais vantagens terá em praticamente todas as áreas da vida.
Outra conclusão que o pesquisador retira dessas pesquisas é que “relacionamentos fazem as pessoas mais felizes e geram mais resultados”.
Relacionamentos negativos geram prejuízos
A Gallup por sua vez apresenta os seguintes resultados de suas pesquisas:
- Empresas norte-americanas perdem aproximadamente 360 milhões de dólares todos os anos devido à produtividade reduzida de colaboradores que têm relacionamentos ruins com os chefes; e
- Profissionais que afirmam que o seu chefe ou alguém no seu trabalho, se importam com eles, se demonstraram mais produtivos, contribuíram mais para os lucros e apresentaram significativamente mais chances de ficar mais tempo na empresa.
Relacionamentos positivos melhoram a performance
Em outro estudo, como mais de 15 milhões de entrevistas, os pesquisadores Rath e Harter descobriram que a importância das amizades no ambiente de trabalho é muito maior do que imaginamos. Ter melhores amigos na empresa eleva em sete vezes o engajamento no trabalho. E, consequentemente, aumenta a performance.
Outra dimensão importante que sofre influência dos relacionamentos positivos entre os membros da organização é o clima organizacional. Daniel Goleman informa, citando pesquisa feita pelo Hay Group, que o clima é responsável por quase um terço dos resultados de uma organização.
A robustez de pesquisas neste sentido, afirma Shawn Achor, aponta que aqueles líderes que se recusam a se empenhar nos relacionamentos com sua equipe, seja por acreditarem que não têm tempo suficiente; ou por temerem reduzir sua autoridade aos se aproximar dos seus subordinados; ou até mesmo por acharem que o ambiente de trabalho é só para trabalhar não para fazer amizades; estão prejudicando o seu próprio desempenho e a performance da empresa.
E você?
Importante registrar que o termo ‘relacionamentos’ incluí a família e se estende para os seus amigos e colegas de trabalho. O importante é que eles sejam verdadeiros, consistentes e duradouros, ou seja, positivos.
Creio que essa notícia mereça ser comemorada com seus amigos no happy hour de hoje.
[1] Martin Seligman é professor e pesquisador da Universidade da Pensilvânia e ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, autor de Florescer entre outros.