No artigo tenho medo de me aposentar, conversamos um pouco sobre esse momento delicado e complexo de todo profissional.
Delicado porque todos nós, mais dia menos dia, deixaremos a empresa que chamamos de nossa. Isso é inquestionável.
Complexo porque optamos por deixar, pelo menos a maioria de nós, essa fase ao sabor dos acontecimentos. Faz parte da nossa cultura ‘deixar a vida nos levar’. Esse é um péssimo momento para isso, pois exige decisões, nem sempre fáceis ou simples.
Analisamos, no artigo anterior, os motivos pelos quais não nos preparamos para essa nova fase da vida (disponível em tenho medo de me aposentar) e concluímos que seja qual for o seu motivo, é necessário se preparar, mesmo que sua intenção inicial seja não fazer nada.
Cinco aspectos de uma aposentadoria de sucesso
Além das dimensões abaixo, recomendo fortemente que você inicie esse processo respondendo o questionário disponibilizado no artigo citado acima.
1. Pensando sobre o assunto
Comece desde logo a pensar sobre o assunto, mesmo que você tenha apenas um ano no seu emprego.
Quanto mais cedo você começar a se preparar mais fácil será esse processo, pois assim poderá controlar todas as variáveis. Inclusive a mais importante delas: se conscientizar que você um dia deixará seu emprego.
2. Ocupando seu tempo
Esse é um aspecto que grande parte das pessoas negligencia, pois acham que terão todo o tempo do mundo para pensar nisso depois.
Ledo engano. Você passou trinta anos (ou mais) acostumado a trabalhar oito horas durante cinco dias por semana. Simplesmente parar trará gravíssimas consequências para o seu corpo, sua mente e até mesmo para a sua família.
O que aconteceria se você fosse passar trinta dias viajando e resolvesse desligar sua geladeira que funciona vinte quatro horas sete dias por semana? Com certeza, pane total. Assim somos nós.
Nossa família também será duramente impactada com a sua presença em tempo integral dentro de casa, se essa fosse a sua decisão.
Antes de deixar a sua empresa de tantos anos, decida antes o que você fará com tanto tempo. Mesmo que a primeira coisa seja tirar umas merecidas férias de três meses.
Não estou falando necessariamente de novo emprego com carteira assinada (o que pode funcionar para alguns). A ideia aqui é de permanecer produtivo, útil e ativo, seja por meio de atividade voluntária, consultoria, nova profissão, descobrir o artista que tem dentro de você e tantas outras possibilidades.
3. Cuidando da sua saúde
O pior dos mundos é se aposentar com uma saúde frágil. Aí você não terá disposição ou condições para subir e descer as ladeiras de Lisboa nem coração para encarar os balões da Capadócia, muito menos mergulhar com os golfinhos em Fernando de Noronha.
Quem quer aposentar para ocupar o seu tempo (item anterior) com clínicas, hospitais e farmácias?
A hora de cuidar da sua saúde é agora, hoje. E o caminho é conhecido: alimentação balanceada e atividade física.
Você não precisa ter prazer em fazer academia, correr 10 quilômetros ou até mesmo a básica caminhada de trinta minutos. Essas atividades devem ser encaradas pelos anos de qualidade que elas acrescentarão a tua vida. É o resultado que se busca, não o processo.
4. Zelando por suas finanças
Hoje, grande parte das empresas, tem um robusto pacote de benefícios que pode incluir Participação nos Lucros ou Resultados, Plano de Saúde, Auxílio Refeição; Auxílio Alimentação; Auxílio Transporte; Auxílio Creche; Bolsa de estudos; Abonos, Folgas, Férias superior a 30 dias e até Licença Prêmio. Além de 1/3 de férias.
Normalmente todos esses benefícios cessam quando nos aposentamos. Isto é, nossas receitas cairão consideravelmente. E, em alguns casos, as despesas aumentarão (como quando se tem que pagar um novo plano de saúde).
Ficar na empresa ad eternum não é a solução. Como já vimos, vai chegar um momento que seremos ‘convidados’ a sair.
É preciso planejar e se organizar para não depender dessas receitas.
Conheci um profissional que dois anos antes da sua aposentadoria passou a não contar mais com esses recursos. Valores que podiam ser convertidos em espécie (PLR, 1/3 de férias, licença-prêmio, abonos etc.) aplicava no mercado financeiro. Os cartões refeição/alimentação passou para os filhos maiores.
Assim, ele resolvia duas questões ao mesmo tempo: se preparava para quando não tivesse mais esses recursos e ainda constituía uma reserva para o futuro.
5. Cultivando seus relacionamentos
Centenas de pesquisas comprovam que a variável mais importante para a nossa felicidade é a qualidade dos nossos relacionamentos (leia o artigo Um caminho para a felicidade – Relacionamentos Positivos).
Um grande erro que comentemos é reduzir o nosso grupo social aos colegas de trabalho. São raros os colegas que se tornam amigos.
Tenho um amigo que entrou em depressão (citado no artigo anterior). Ele se afastou dos amigos e da família por causa do trabalho e quando se aposentou, percebeu que não tinha nenhum vínculo com os colegas da empresa. Ele não era mais do grupo.
Depois de um ano de terapia, entrou em um grupo de ciclistas e em outro de voluntariado. Hoje ele está bem.
E você? Tem amigos fora do ambiente de trabalho? Como está a sua relação com seus familiares?
Por fim
Esta lista não é um passo-a-passo. Nenhum item antecede ou sucede o outro ou tem uma importância diferente. São aspectos que se equacionados ajudarão você a transformar sua aposentadoria na melhor fase da sua vida. Digo isso por experiência própria,